Alta Costura - Você sabe do que se trata?

Sei, é claro: é uma roupa feita só para mim por um costureiro (ou costureira), com o tecido que eu escolher, num ótimo atelier de costura. Não é isso? 
Não – isso é roupa feita sob medida. Uma roupa para ser considerada de alta costura tem que preencher determinados requisitos que estão nos estatutos da “Chambre Syndicale de la Couture Parisienne” fundada em Paris, em 1885, com a finalidade de proteger a criação dos estilistas das cópias. Olhe só a quantidade de normas que um criador de moda tem que obedecer se quiser registrar sua marca no seletíssimo clube que é o da Alta Costura:

1. A roupa tem que ser original e desenhada por ele ou por alguém da equipe fixa da casa (não pode ser um profissional free-lancer). Ou seja, uma marca de alta costura tem que criar os próprios modelos e não pode contar com a colaboração de ninguém de fora para tal.
2. Os moldes têm que ser feitos dentro do atelier (também não podem ser feitos por free-lancers).
3. Uma casa de alta costura não pode ter menos do que 20 funcionários especializados registrados.
4. A marca tem que apresentar, obrigatoriamente, duas coleções por ano (para provar que tem capacidade de funcionamento e organização).
5. A coleção não pode ter menos do que 75 modelos (para mostrar a criatividade).
6. As roupas têm que ser apresentadas sobre, no mínimo, três modelos vivos (e não sobre cabides ou modelos de gesso) para mostrar que vestem bem tipos diferentes de pessoas.
7. As roupas devem ser feitas à mão.
8. As roupas têm que ser numeradas e só podem ser produzidas para clientes, sob medida (e assim evitar que sejam produzidas em massa).

Deu para sentir a barra? Não é nada fácil abrir uma Maison de alta costura. Custa uma fortuna, as roupas são absurdamente caras e conta com cada vez menos clientes no mundo inteiro (parece que hoje, apenas 300 pessoas são consideradas clientes dessa categoria). 

Porque então continuam a existir? Porque os desfiles de alta costura, cada vez mais extravagantes e maravilhosos, colocam o nome da Maison nos jornais do mundo inteiro e promove a venda dos sub-produtos da marca como relógios, echarpes, bijuterias, óculos e, sobretudo, cosméticos e perfumes. Dá para imaginar a fortuna que isso rende para sustentar e loucura de gastos que uma coleção de alta costura exige. 

PS. Só para não esquecer: o Brasil só teve, até hoje, um único costureiro reconhecido pela Chambre Syndicale de Paris: Ocimar Versolatto.